A estreia da JAC Caminhões no Brasil marca um movimento diferente do habitual entre as marcas asiáticas que chegam ao País. Em vez de apresentar os caminhões para depois estruturar rede, pós-venda e linhas de crédito, a empresa decidiu iniciar sua operação com todos os pilares prontos.
Essa abordagem reflete a experiência global de mais de seis décadas e a presença em mais de 130 países, como destacou o diretor executivo para a América do Sul, Miguel Xun. Segundo ele, a marca já lidera segmentos importantes e acumulou maturidade suficiente para entrar em um País tão complexo quanto o Brasil com uma estratégia mais sólida desde o primeiro dia.
Nesse sentido, o diretor comercial, Adriano Chiarini, reforça que essa entrada estruturada responde diretamente às necessidades do transportador brasileiro. Especialmente no que diz respeito a financiamento. Ele afirma que “uma das maiores dores do mercado é o crédito”, e por isso a JAC chega com CDC competitivo, parcerias com grandes bancos como Bradesco e Santander e com fundos independentes.
LEIA TAMBÉM:
Marcopolo Viaggio reforça oferta para fretamento e turismo no País
Scania supera 1.000 unidades reservadas do Next Era na China
Librelato lança Evolut 2026 e aposta na diversificação de produtos

JAC Caminhões: Consórcio e locação JAC
Além disso, a empresa desenvolveu um consórcio exclusivo com o Consórcio Ápice e um programa de locação que começa em janeiro. Assim, permitindo que empresas experimentem os caminhões com baixo risco e sem necessidade de imobilizar capital.
Essa combinação, segundo Chiarini, facilita a aquisição e aproxima a JAC do transportador e do autônomo, que enfrentam ainda mais dificuldades para acessar financiamento tradicional. A marca também oferece planos de manutenção preventiva e corretiva, que podem ser integrados ao financiamento e já estarão disponíveis nas primeiras entregas.
Rede nacional com 30 concessionárias em 2026 e expansão para 60 em 2027
Além da oferta de produtos e serviços, a JAC chega com uma estratégia agressiva de capilaridade. A marca quer ter 30 concessionárias em 2026 e promete chegar a 60 unidades até 2027, sempre priorizando grupos que já atuam com caminhões, máquinas agrícolas ou automóveis. Nesse sentido, a empresa já apresentou os grupos que vão representar São Paulo, Nordeste e Norte do País.
A escolha por redes experientes não é casual. Chiarini explica que “o cliente compra o caminhão porque confia na rede que vai atendê-lo”. Portanto, trabalhar com grupos consolidados garante atendimento uniforme e suporte técnico em todas as regiões, especialmente para o cliente que roda longas distâncias. Ademais, a empresa deixa claro que só lançará sua linha extrapesada quando toda a rede estiver completamente estruturada, já que esse cliente exige suporte nacional imediato.
Esse avanço da rede também está ligado ao plano de longo prazo da marca. Ou seja, a implantação de uma fábrica de caminhões no Brasil. O projeto já estava previsto desde o início da operação e agora avança para a fase final de estudos sobre a localidade, enquanto a empresa aguarda definições políticas e tributárias do período pós-eleitoral.
Linha de caminhões diesel chega em março de 2026

A JAC escolheu iniciar sua operação no Brasil com os caminhões que compõem metade das vendas nacionais. Ou seja, o segmento de 7 a 25 toneladas rígidos. Assim, a marca desenvolveu quatro modelos com calibrações específicas para as condições brasileiras, que incluem topografia irregular, longas distâncias, excesso de cargas, biodiesel B15 e estradas com manutenção variável.
Todos os modelos chegam com motores Cummins, transmissões Eaton, Fast Gear ou ZF. Além de configuração pensada para operações urbanas, regionais e rodoviárias.
Caminhões rígidos de 9 a 25 toneladas
O modelo de entrada, N 9.170, atende operações urbanas e serviços públicos. Equipado com o motor Cummins ISF 3.8, ele entrega 170 cv e 61 mkgf, combinados à transmissão manual Eaton de seis marchas. O caminhão conta com PBT técnico de 9.700 kg e distância entre-eixos ideal para baús, carrocerias metálicas e operações de distribuição.
Logo acima, o N 13.210 expande a capacidade para 12.500 kg de PBT técnico. Ele utiliza o motor Cummins B4.5 com 210 cv e 77,5 mkgf, além da transmissão automatizada Fast Gear de oito marchas. O que facilita a condução em trechos urbanos densos e vias intermunicipais. Além disso, ele traz câmeras 360°, controle eletrônico de estabilidade e freio motor, reforçando sua vocação para aplicações de distribuição mais intensas.
Na faixa rodoviária, o A 18.290 chega equipado com motor Cummins D6.7, que gera 290 cv e 112 mkgf, aliado à transmissão ZF automatizada de nove marchas. O modelo traz cabine com teto médio, suspensão pneumática e basculamento elétrico. Ele mira empresas que operam graneleiros, baús refrigerados, cargas gerais e trajetos rodoviários de média distância, além de aplicações severas fora de estrada.
Fechando a linha, o A 25.290 repete o conjunto mecânico do A 18.290, mas traz configuração 6×2 e PBT técnico de 25 toneladas, com PBT combinado de 35 toneladas. O terceiro eixo é instalado no Brasil, o que amplia a capacidade e facilita manutenção regional. Esse modelo atende empresas de bebidas, distribuição de grande volume, operações regionais e rotas que exigem maior capacidade de carga útil.
Pilares da nova linha de produtos da JAC Caminhões

As cabines contam com isolamento acústico e térmico aprimorado, bancos ergonômicos, multimídia com Bluetooth e comandos ao alcance das mãos. Além disso, todos os caminhões incluem ABS, EBD, ESC, ASR, Hill Holder e freio motor. Há ainda câmeras de visão periférica nos modelos mais pesados.
A robustez também se destaca por meio de chassi em aço de alta resistência, suspensões reforçadas, eixos forjados e sistemas eletrônicos de gerenciamento do trem de força. Esses atributos, segundo a marca, foram calibrados após análises das condições de uso no Brasil. E também após ouvir motoristas, frotistas, concessionários, fabricantes de implementos e fornecedores de componentes.
Financiamento, consórcio e locação como motores para ganhar mercado
A estratégia da JAC Caminhões vai além do produto. A empresa criou uma plataforma completa de serviços para viabilizar a compra, algo fundamental em um mercado afetado por juros altos e baixo acesso ao crédito. Os programas incluem CDC para pessoas físicas e jurídicas, consórcio e atendimento especializado, e um sistema de locação que oferece caminhão, carroceria e manutenção em um único pacote. Além disso, o programa JAC Colet oferece telemetria, rastreamento e ferramentas de controle operacional, que ajudam a reduzir custos e aumentar a eficiência das frotas.
Dessa forma, Chiarini explica que a locação será decisiva para conquistar espaço em um mercado tradicional e conservador. Assim, o cliente pode testar o produto, avaliar desempenho e conforto e só depois decidir pela compra. Esse movimento aproxima a JAC de empresas de diferentes portes e acelera a entrada da marca em operações corporativas.
Meta ousada: 5% do mercado nacional em cinco anos
Contudo, mesmo entrando em um momento de retração do mercado de caminhões, a JAC não enxerga isso como obstáculo. Ao contrário, considera uma oportunidade para se estruturar enquanto o mercado amadurece.
Por isso, a marca estabeleceu uma meta ambiciosa: conquistar 5% de market share em cinco anos. Em outras palavras, um número que marcas instaladas há décadas no País levaram mais tempo para alcançar.
Todavia, para atingir esse objetivo, a empresa aposta na capilaridade da rede, na força do pós-venda, no suporte financeiro e na entrada planejada de novos modelos, como os extrapesados, assim que a rede atingir escala nacional.
Fonte: Portal O Carreteiro









