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EBA - Empresa Brasileira de Armazenamento, Redex e Operações Logísticas
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Com exclusividade, a MundoLogística entrevistou executivos de empresas de locação de transporte de cargas que avaliaram o mercado como promissor para 2024 

Por Camila Lucio

Com exclusividade, a MundoLogística entrevistou executivos de empresas de locação de caminhões que avaliaram o mercado como promissor para 2024 
No Brasil,  1,5% da frota de 3,3 milhões de caminhões e implementos rodoviários é alugada (Foto: Shutterstock)

Nos Estados Unidos, cerca de 25% da frota de caminhões já é terceirizada, de acordo com a American Trucking Association (ATA), o que representa aproximadamente 7,5 milhões de caminhões locados dentre os cerca de 30 milhões em circulação no país.  

De acordo com dados divulgados pelo Grupo Vamos à MundoLogística, no Brasil,  1,5% da frota de 3,3 milhões de caminhões e implementos rodoviários é alugada, enquanto na Europa esse número varia de 15% a 20%. 

Segundo dados da ABLA, em 2023, as locadoras emplacaram 10,2 mil caminhões, que representaram 38,9% de crescimento sobre os emplacamentos feitos em 2022. Com isso, o setor foi responsável por absorver 10,5% de todos os caminhões emplacados no ano no país. O total de caminhões em nome de locadoras chegou a 42,7 mil ao final de 2023, um avanço de 19,6% na comparação com 2022. 

Os números confirmam que a terceirização de frotas de caminhões não é apenas uma tendência, mas uma realidade consolidada? 

A MundoLogística entrevistou com exclusividade executivos de empresas de locação de caminhões que avaliaram o mercado como promissor para 2024. Segundo o CEO da Addiante, Fábio Leite, os diversos fatores que devem impulsionar o crescimento estão relacionados à recuperação econômica do país, o aumento contínuo do comércio eletrônico — alta de 12% a 15% prevista, investimentos em infraestrutura anunciados pelo Governo Federal na ordem de R$ 350 bilhões e a safra, aumentando a necessidade de caminhões para escoamento da produção.  

“A frota brasileira de caminhões passa dos 21 anos de idade média e de máquinas agrícolas é superior a 15 anos. Isso demonstra todo o potencial que a locação pode trazer para baixar a idade média dos ativos e consequentemente prover uma maior disponibilidade do ativo para os clientes”, disse o executivo. 

De acordo com a gerente de Locação da Scania, Renata Campos, já é possível ver um potencial de crescimento. “Percebemos que os clientes e o mundo cada vez mais caminham pela valorização e agilidade do serviço. Ou seja, de não ter preocupações, como de manutenção e de vender o caminhão futuramente. Então, consideramos que é um mercado que vai continuar crescendo”, afirmou a executiva. 

Na avaliação do diretor-executivo do Grupo Vamos, José Geraldo Jr.,  o mercado brasileiro sempre foi de compra, enquanto o mercado americano já se convenceu de que é melhor colocar o dinheiro no negócio ao invés de colocar no ativo. “[…] É muito claro que temos uma tendência ao longo dos próximos anos de buscar minimamente estar próximo desses números da Europa e Estados Unidos. Não sei quando isso vai acontecer, mas o fato é que existe uma tendência. O dinheiro no Brasil é caro, é escasso, os preços dos ativos são mais altos comparativamente aos que se recebem de frete, por quilômetro transportado, então isso vai ser normal que se exista essa realidade”, afirmou. 

MAS, QUANDO VALE A PENA LOCAR UM CAMINHÃO?   

Para a Renata Campos, não existe uma “receita de bolo” específica, porque dependerá da necessidade cada empresa. “Faz sentido, por exemplo, quando o cliente tem o recurso para comprar o caminhão, mas quer destinar parte do dinheiro em outras áreas da empresa, como em tecnologia, em novo galpão, em outras máquinas ou equipamentos, e pode utilizá-lo para potencializar a empresa”, afirmou. 

Outro ponto apontado pela executiva é quando a empresa está com o comprometimento de recurso e, naquele momento, não está disposta a investir mais, entretanto deseja continuar crescendo. Dessa forma, tem a possibilidade de fechar contratos com o cliente, com os embarcadores e alugar para atender esses contratos. “O terceiro caso, quando fecha um contrato com o cliente de 36 meses, por exemplo. Por não saber se o contrato será renovado, opta pelo aluguel”, ressaltou Renata. 

Para o CEO da Addiante, Fábio Leite, alugar veículos pesados também se torna uma escolha estratégica quando a gestão de uma frota própria não é o foco principal da empresa. Ao optar pelo aluguel, os clientes podem direcionar os recursos e atenção para o seu core business. 

Entre os benefícios apontados pelo executivo, está que o cliente não precisará se preocupar com manutenção, gestão de pneus, combustível, pedágio e com a questão de envelhecimento do ativo e terá à disposição os veículos mais modernos ao final do contrato, pensando sempre em rentabilizar a operação.  

“Além disso, com a terceirização é possível também oferecer uma ampla gama de serviços, por meio da nossa torre de controle. Com ela, o cliente pode acessar em tempo real a performance dos seus ativos locados. A torre possui 5 grandes objetivos: segurança, disponibilidade, produtividade, rentabilidade e ESG”, disse Fábio Leite. 

A Addiante conta com um simulador de “Compra x Locação”, utilizado na consultoria. O comparativo aponta qual a melhor opção e qual o percentual de economia com a locação. “Porém, sabemos que no Brasil ainda existe uma cultura de posse dos ativos, diferente dos Estados Unidos ou Europa, onde o cenário de locação já é muito mais disseminado”, afirmou. 

Segundo o diretor-executivo do Grupo Vamos, José Geraldo Jr., em média, é possível reduzir os custos em até 30% com locação de caminhão. A locação da frota permite ao cliente manter o foco na atividade principal e ter uma alocação mais eficiente de capital, sem se preocupar com custos de manutenção e documentação.  

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“Precisamos quebrar um paradigma do passado. A palavra locação remetia o cliente a pensar que estou oferecendo o que ele pode fazer e ele me pagando. Na verdade, o nosso negócio atualmente é diferente. Chego no cliente dizendo que parte do que eu ganho vou dividir com ele. Quando digo que eu posso ser 15%, 20%, até 30% mais barato do que ele operar, eu estou dividindo o resultado com ele, ou seja, a minha capacidade de compra, a minha capacidade de operar e a minha capacidade de vender o ativo no final, com lojas, com estrutura, faz com que o meu produto fique mais em conta, seja mais barato”, esclareceu o diretor. 

TRIBUTAÇÃO X BENEFÍCIOS 

Na avaliação da gerente de Locação da Scania, Renata Campos, o grande benefício fiscal da locação é de que empresas optantes pelo lucro real se beneficiam de PIS e CONFIS que corresponde a 9,5%. Isso quer dizer que se tem uma parcela de R$ 20 mil, por exemplo, você vai se creditar de 9,25% dessa despesa na sua contabilidade. Mas, segundo a executiva, por outro lado, muitas empresas também usam o crédito de CMS para comprar e se creditar ao longo de 48 meses. 

“Em ambos os casos, tanto na compra quanto na alocação, tem os custos da operação e, em cima desstes custos,  é possível deixa de pagar o imposto de renda, que é 34%”, explicou. 

CRESCIMENTO DAS LOCADORAS DO BRASIL 

Há 20 anos no mercado de locação de frota, o Grupo Emtel registrou faturamento bruto da empresa em 2023 que ultrapassou a marca de R$ 300 milhões, um aumento de 25,61% em relação a 2022. Os dados foram divulgados com exclusividade à MundoLogística. 

Com relação à performance operacional e a geração de caixa, o Grupo Emtel fechou com Ebitda recorde com crescimento de 16,66% referente a 2023 na comparação com o ano anterior, mesmo após um ano de diversificação e ampliação da atuação no setor de logística. 

Segundo o CEO, Luciano Miranda, a companhia que possui atuação nacional, mira novos horizontes, principalmente nos setores do agronegócio, construção e infraestrutura. “Para manter este forte ritmo de crescimento, o nosso plano de expansão deve ultrapassar R$ 500 milhões nos próximos 4 anos, sendo que somente em 2024 deveremos investir R$ 150 milhões em nossas operações.”.  

A divisão de locação de frotas é responsável por 43% dos negócios, o que inclui motocicletas, automóveis, caminhões, máquinas e equipamentos. Segundo Miranda, esse modelo aumentou significativamente durante a pandemia Covid-19, quando muitas empresas resolveram vender seus veículos próprios para fazer caixa no momento de crise. “A partir dessa mudança, muitas companhias resolveram apostar no serviço terceirizado, que pode render uma economia de até 30%”, destacou. 

O Grupo Vamos chegou a uma frota total de 45.727 veículos pesados, sendo 35,5 mil caminhões e implementos rodoviários e 10,2 mil máquinas e equipamentos no 4T23. A frota locada alcançou chegou à marca de 42 mil ativos por todo o Brasil, correspondendo a 88% da frota total.  

Ainda em relação à locação, a companhia encerrou o 4T23 2023 com receita líquida de R$ 881,3 milhões, alta de 38,0% em relação ao 4T22. No ano, crescimento de 68,5% em relação a 2022, atingindo R$ 3,298 bilhões. A empresa iniciou no segmento de locação em 2021, encerrando o ano com 16,7 mil veículos locados.  

“Temos buscado formas de diferenciar e de atingir novos públicos. Pretendemos lançar para o mercado neste ano um produto que se encaixa como parcela no bolso do cliente, o seminovo. “Não temos o nome ainda, mas são veículos de 2021, 2022 e 2023 para fazer uma sobrevida no produto”, revelou o diretor. 

O CEO da Addiante, Fábio Leite, acredita que a companhia registrou no primeiro ano de atuação resultados positivos e encerrou 2023 ultrapassando em 287% a meta estabelecida no plano de negócios com os acionistas. Atualmente a empresa possui mais de 1,4 mil ativos locados, entre caminhões, implementos e máquinas.   

Na avaliação do executivo, o objetivo para 2024 é melhorar o desempenho alcançado em 2023.  “Para bater a meta, a empresa investirá em tecnologia para automatizar os processos e, assim, agilizar o atendimento aos clientes atuais e trabalhará para ampliar a carteira de clientes em novos segmentos que ainda não estamos presentes”, ressaltou. A Addiante iniciou as operações em novembro de 2022. 

Já a Scania lançou serviço de locação de caminhões em 2022, mas atua com o segmento há mais de 30 anos na Europa. A companhia tem como meta encerrar o ano com 300 caminhões alugados aproximadamente, dobrando a quantidade locada em 2023. 

“A Scania quer crescer de uma maneira sólida, conservadora, mas com clientes que realmente entendam os benefícios de ter toda a experiência da companhia, porque a nossa locação está inclusa conectividade, o plano de serviços com a manutenção preventiva e corretiva e toda a parte de gestão, de documentação e multas. A nossa proposta é sempre o serviço e a solução completa”, ressaltou a gerente de Locação da Scania, Renata Campos. 

Atualmente, mais de 50% da frota locada pela companhia é o Caminhão Super, último lançamento da Scania, com um consumo de combustível inferior aos caminhões anteriores lançados pela empresa. “E, além disso, 10% da nossa frota alugada é de caminhão a gás, uma procura muito grande dos nossos clientes, que estão nessa jornada sustentável e exigem um combustível mais limpo”, pontuou a executiva. 
 

Fonte: Mundo Logística

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