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Como montar uma estratégia de logística verde no transporte rodoviário

A discussão sobre logística verde e descarbonização saiu do nicho e virou pilar de competitividade, resiliência e sobrevivência no transporte rodoviário de cargas. O modal responde por uma parcela relevante das emissões de GEE no Brasil, enquanto segue essencial para a economia: são milhões de caminhões em circulação diária e cerca de 65% das mercadorias movimentadas pelas rodovias. Em vez de encarar a agenda climática como custo, empresas estão descobrindo ganhos de eficiência, economia de combustível e relevância de marca ao adotarem uma estratégia estruturada de baixo carbono.


O que é logística verde (e por que ela se confunde com descarbonização)

Logística verde é a integração da sustentabilidade em toda a cadeia: planejamento, transporte, armazenagem, distribuição e reversa — com foco em minimizar impacto ambiental equilibrando eficiência operacional e viabilidade econômica. No Brasil, onde o rodoviário predomina e depende de diesel, a estratégia é, na prática, uma estratégia de descarbonização com metas claras para reduzir emissões de CO2.

Os 4 pilares de uma estratégia sustentável

Pilar 1 — Otimização de ativos e operações

  • Roteirização inteligente para reduzir km rodados e consumo.
  • Gestão de frota para cortar ociosidade e esperas.
  • Práticas de eco-driving (condução eficiente) e peso/condicionamento corretos da carga.

Pilar 2 — Transição energética da frota

  • Biometano e diesel verde (HVO) como alternativas compatíveis com a frota atual.
  • Eletrificação para distribuição urbana e rotas fixas/curtas.
  • Hidrogênio verde como fronteira para longas distâncias no horizonte de longo prazo.

Pilar 3 — Circularidade e redução de resíduos

  • Embalagens sustentáveis (recicláveis/retornáveis) e logística reversa planejada.
  • Processos para reduzir descarte e reintroduzir materiais no ciclo produtivo.

Pilar 4 — Inteligência de dados e gestão

  • TMS, WMS e telemetria para medir consumo, emissões, estilo de condução e eficiência das rotas.
  • Melhoria contínua baseada em dados (alertas, metas e auditorias operacionais).

Métricas de sucesso (KPIs) para guiar a jornada

  • Intensidade de carbono (CO2 por tonelada-km útil).
  • Eficiência de combustível (km/l) e taxa de ociosidade do motor.
  • % de frota verde (elétricos, biometano, etc.).
  • Índice de circularidade (uso/retorno de embalagens).
  • ROI dos projetos (economia de combustível/manutenção e impacto em receita/marca).

O desafio brasileiro: particularidades que definem a estratégia

Matriz rodoviária: força e vulnerabilidade

O país foi construído sobre o asfalto: a capilaridade do caminhão integra territórios e atende volumes flexíveis, mas o uso em longas distâncias concentra custos e emissões no modal rodoviário.

“Custo Brasil” verde: infraestrutura ainda incipiente

Estradas com manutenção desigual elevam consumo e risco. A infraestrutura de recarga para pesados e de abastecimento de biometano ainda está em construção. Resultado: a transição precisa combinar ganhos imediatos na frota a diesel com investimentos graduais em novas tecnologias.

O paradoxo da energia: rede limpa, frota poluente

Com uma matriz elétrica majoritariamente renovável, cada caminhão elétrico substituindo um a diesel entrega redução líquida relevante de emissões. O gargalo é levar essa energia limpa à operação — com infraestrutura e modelos viáveis de recarga/abastecimento.


Roteiro estratégico: três fases para sair do discurso e entrar na prática

Fase 1 — Diagnóstico e eficiência (ganhos rápidos, baixo investimento)

  • Inventário de emissões: medir Escopo 1 (combustível próprio) com metodologia reconhecida (ex.: GHG Protocol).
  • Eco-driving: programas de condução eficiente podem reduzir consumo de forma consistente.
  • TMS + telemetria: roteirização dinâmica e monitoramento do comportamento de condução.
  • Manutenção preditiva e renovação da frota convencional: motor regulado polui e consome menos; priorizar padrões de emissões mais rigorosos.

Fase 2 — Transição tecnológica (investimento estratégico)

  • Elétricos em last-mile e circuitos urbanos/regionais com rotas previsíveis.
  • Biometano/GNV em corredores com abastecimento disponível e operações intermunicipais/agronegócio.
  • Incentivos: programas de política industrial e combustíveis de baixo carbono podem melhorar o TCO.
  • Projetos-piloto: testar tecnologias em rotas controladas antes de escalar.

Fase 3 — Liderança e ecossistema (visão de futuro)

  • Cocriação com embarcadores: fretes verdes e rotas otimizadas em conjunto.
  • Mercado de carbono: preparar inventários e metas; redução pode virar ativo financeiro na forma de créditos.
  • Posicionamento de marca e ESG: relatar avanços e metas para atrair clientes, talentos e capital.

Arsenal tecnológico: o que usar, onde e quando

Tecnologia Aplicação ideal Vantagens Desafios
Elétricos (BEV) Distribuição urbana, rotas fixas/curtas, last-mile Custo operacional baixo e manutenção simplificada Custo de aquisição e infraestrutura de recarga para longas distâncias
Biometano / GNV Rotas intermunicipais e agronegócio em corredores com abastecimento Redução relevante de emissões usando arquitetura conhecida Expansão da rede de postos e logística de suprimento
Hidrogênio verde (FCEV) Longas distâncias (horizonte de longo prazo) Potencial para cargas pesadas sem baterias massivas Cadeia tecnológica e infraestrutura ainda em fase inicial

Quem já está fazendo: casos nacionais

  • Jomed Logística — pioneirismo em gás/biometano e infraestrutura própria de abastecimento para aumentar a disponibilidade da frota e reduzir emissões.
  • Patrus Transportes — visão ESG integrada (certificação de referência, frota com alternativas energéticas e geração fotovoltaica), com metas públicas de redução e neutralização de emissões.
  • LOG 20 e LZN Logística — eletrificação aplicada à distribuição urbana e a rotas fixas, demonstrando a viabilidade operacional nos circuitos mais previsíveis.

Conheça as transportadoras citadas neste artigo

As empresas destacadas fazem parte do cadastro do Transvias, o guia de transportes mais consultado do Brasil. Encontre suas rotas, cotações e contatos diretos:

→ Consulte outras transportadoras e rotas em transvias.com.br/transportadoras


Conclusão: eficiência hoje, transição amanhã — e gente no centro

Logística verde não é modismo nem custo a fundo perdido. É eficiência operacional, economia recorrente de combustível e vantagem competitiva. O caminho passa por três etapas: medir e otimizar agora; testar e investir onde faz sentido; e liderar a cadeia com metas e transparência. A tecnologia é indispensável — e o fator humano também. É a combinação dos dois que garante um futuro mais limpo, competitivo e estável para o setor.


Próximo passo prático

No Transvias, você encontra transportadoras especializadas por perfil e corredor — com mais previsibilidade de custo e emissões.

Perguntas frequentes

Por onde começar a logística verde?

Com inventário de emissões, eco-driving, roteirização e manutenção preditiva. São as alavancas de maior impacto imediato.

Elétrico ou biometano: qual priorizar?

Depende do perfil de operação. Elétrico vai bem em urbano/rotas fixas; biometano avança em corredores com abastecimento e operações regionais/intermunicipais.

Como medir o progresso?

Acompanhe CO2 por tkm, km/l, ociosidade, % frota verde e ROI dos projetos — com metas por fase.

Fonte: Transvias.com.br

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