
O mercado de caminhões enfrenta um ano difícil. Em 2025, o setor mantém ritmo de retração pelo terceiro trimestre consecutivo, e o segmento de pesados se tornou o principal foco de preocupação. Segundo a Anfavea, as vendas totais de caminhões recuaram 7,7% entre janeiro e setembro. Enquanto os pesados encolheram mais de 20% no mesmo período.
Juros e crédito caro travam o mercado
Igor Calvet, presidente da Anfavea, explica que o freio vem da combinação de juros altos, crédito restrito e inadimplência no agronegócio. “O mercado de caminhões pesados vai muito mal. Esse grupo representa quase metade das vendas totais e, por isso, carrega grande peso no desempenho geral”, afirmou.
Além disso, o custo elevado do financiamento tem afastado o transportador da compra de novos veículos. “O crédito sumiu, e quem precisa investir na frota não encontra condições adequadas. O cenário de juros elevados tem minado a recuperação do transporte de longa distância”, avaliou Calvet.
Dessa forma, o ciclo de renovação de frota iniciado em 2023 perdeu força, e a retomada do setor se tornou mais lenta do que o esperado.
Mercado de caminhões: produção cai pelo terceiro trimestre consecutivo
Os reflexos também aparecem na produção industrial. De janeiro a setembro, as montadoras fabricaram 98,6 mil caminhões, volume 3% menor que no mesmo período de 2024. No terceiro trimestre, a queda foi de 9,4%, confirmando o enfraquecimento do mercado.
Todavia, Calvet acredita que o setor pode encontrar algum alívio no próximo ano, caso a taxa de juros comece a cair. “Alguns analistas projetam cortes já no início de 2026. Precisamos chegar até lá com medidas que evitem uma queda ainda mais brusca”, disse.
Renovação de frota volta à pauta
Além disso, a Anfavea retomou o diálogo com o governo e o BNDES para avançar em programas de renovação de frota. A ideia é criar linhas de crédito acessíveis para que pequenos transportadores possam substituir veículos antigos e reduzir custos operacionais.
No entanto, a volatilidade econômica e a indefinição política ainda dificultam previsões. “O cenário muda a cada semana. Por isso, não faz sentido revisar projeções agora. O mais provável é a manutenção dos níveis atuais até o fim do ano”, afirmou Calvet.
Emprego e indústria resistem
Em contrapartida, as montadoras têm preservado empregos e parte da capacidade produtiva. Segundo a Anfavea, o setor manteve cerca de 5 mil vagas nos últimos 12 meses, apoiado por programas de qualificação e férias coletivas. Mas apenas o setor de pesados perdeu 180 vagas neste ano.
Apesar das dificuldades, Calvet mantém uma visão cautelosamente otimista. “O transporte de carga é um termômetro da economia. Quando os caminhões voltarem a rodar em volume, será sinal de que o país também retomou o crescimento”, concluiu.
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Fonte: Portal O Carreteiro