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Glossário de termos logísticos que todo embarcador precisa conhecer

No mundo da logística, cada detalhe faz diferença — desde a forma como o frete é contratado até os documentos que precisam acompanhar a carga. Para quem embarca mercadorias todos os dias, entender a linguagem do setor não é apenas útil: é essencial. Termos como cubagem, CIOT, GRIS ou OTIF aparecem em contratos, cotações e auditorias, e desconhecê-los pode gerar custos extras, atrasos e até problemas legais.

Este glossário foi preparado justamente para facilitar a vida do embarcador. Reunimos aqui os principais conceitos, com explicações simples, exemplos práticos e notas de conformidade atualizadas. A ideia é que você possa consultar rapidamente e ganhar mais segurança na hora de negociar fretes, comparar transportadoras e alinhar expectativas com parceiros logísticos.

A

Ad valorem (Frete‑valor) — Percentual aplicado sobre o valor da mercadoria para compor o frete, cobrindo riscos inerentes ao transporte (dano, perda, roubo etc.). É componente distinto do GRIS. NTC&Logística+1

AWB (Air Waybill / Conhecimento Aéreo) — Comprovante e contrato de transporte aéreo, não negociável (não transfere propriedade). Na prática moderna existe também o e‑AWB. IATA+1

ABC (Curva ABC) — Classificação de itens por valor/impacto (A=altíssima relevância). Útil para políticas de estoque e prioridade de transporte.

B

Backhaul (Frete de retorno) — Viagem de volta, muitas vezes com tarifa negociada; pode aplicar retorno vazio na regra do piso mínimo. ANTT

B/L (Bill of Lading / Conhecimento Marítimo) — Documento negociável no marítimo (pode representar título de propriedade), atuando como recibo, prova do contrato e título. Há versões eletrônicas aceitas por P&I (e‑B/L).

Booking — Reserva de espaço (navio/aeronave/veículo).

C

Carga fracionada (LTL) — Consolidação de vários embarques menores no mesmo veículo.

Carga lotação (FTL) é o oposto: veículo dedicado/cheio.

CIF — Cost, Insurance and Freight (Incoterm para transporte marítimo/fluviário): o vendedor paga frete e seguro até o porto de destino, e o risco transfere ao comprador quando a carga é embarcada. Frete rodoviário (Brasil): no mercado nacional, “CIF” é usado como atalho para indicar que o remetente paga o frete por estrada até o ponto de entrega combinado (ex.: CD, loja, cliente), sem envolver porto. Em contratos internos, deixe explícito: trecho rodoviário coberto, ponto de transferência de risco, pedágio/VPO, base de cobrança (km, tonelada, cubagem) e responsabilidades por avarias/seguro.

CIOT (Código Identificador da Operação de Transporte) — Código gerado pelo contratante (via IPEF) para regular o pagamento do frete, obrigatório em contratações com TAC e em certos casos de subcontratação/redespacho. Deve constar nos documentos da viagem. Serviços e Informações do Brasil

Cross‑docking — Descarga e reexpedição rápida, com pouca ou nenhuma estocagem.

CT‑e (Conhecimento de Transporte Eletrônico) — Documento fiscal digital que registra a prestação de serviço de transporte em todos os modais; o DACTE é sua representação para acompanhar a carga. CTE Fazenda

Cubagem (peso cubado / volumétrico) — Converte volume em “peso tributável”.
Rodoviário (padrão mercado Brasil): fator 300 kg/m³.
Aéreo (IATA/mercado): usa a razão 6.000 cm³/kg.

Fórmula prática (rodoviário): Peso cubado (kg) = Volume (m³) × 300. Saiba mais

D

DACTE — Documento Auxiliar do CT‑e (impresso/visual). CTE Fazenda

DAMDFE — Documento Auxiliar do MDF‑e (impresso/visual).

Demurrage vs. Detention (contêiner) — Demurrage: uso do contêiner além do free time no terminal; Detention: além do free time fora do terminal.

DT‑e (Documento de Transporte Eletrônico) — Plataforma federal para unificar documentos e dados do transporte (rodoviário, ferroviário, aquaviário, aéreo, inter/multimodal), integrando obrigações e fiscalização. Projeto em evolução. Serviços e Informações do Brasil+1

E

EDI (Electronic Data Interchange) — Troca estruturada de dados (pedidos, ocorrências, faturas, POD).

EXW/FOB/CIF/DDP (Incoterms®) — Regras ICC para responsabilidades e custos na compra e transporte internacional. No Brasil, muitos usam “FOB/CIF” também no doméstico como atalho (quem paga o frete), mas juridicamente os Incoterms® se aplicam ao comércio internacional. Consulte a edição vigente (Incoterms® 2020). ICC – International Chamber of Commerce

F

FCL/LCL (Marítimo)Full Container Load (contêiner exclusivo) vs. Less than Container Load (carga consolidada).

FIFO/LIFO — Estratégias de expedição/armazenagem (primeiro que entra/primeiro que sai; último que entra/primeiro que sai).

FOB — Free on Board (Incoterm para transporte marítimo/fluviário): o comprador paga o frete principal a partir do porto de embarque e assume o risco quando a mercadoria é carregada a bordo; o vendedor responde até a entrega no porto e pela liberação para exportação. Frete rodoviário (Brasil): no uso nacional, “FOB” funciona como atalho para indicar que o destinatário paga o frete rodoviário — geralmente desde a doca do remetente (ou ponto de coleta acordado) até o destino final. Em contratos internos, explicite quem contrata e paga a transportadora, responsabilidades na coleta/carregamento, momento de transferência de risco, além de pedágio/VPO/CIOT, base de cobrança (km, tonelada, cubagem) e seguro/avarias.

Free time (marítimo/terminal) — Período sem cobrança de demurrage/detention.

FTL/LTL — Ver Carga lotação e carga fracionada.

G

GRIS (Gerenciamento de Risco) — Encargo que cobre medidas e custos de mitigação de roubo de carga (rastreamento, escolta etc.). É diferente do ad valorem; ambos podem coexistir.

H

HAWB/MAWBHouse e Master AWB em consolidações aéreas (conhecimento do agente x da cia aérea). Wikipedia

Hub & Spoke — Rede com hubs (consolidação) e spokes (distribuição).

I

ICMS‑Frete — Imposto estadual incidente sobre o serviço de transporte (varia por UF e regime).

Incoterms® — Ver EXW/FOB/CIF/DDP. ICC – International Chamber of Commerce

Inbound/Outbound — Fluxos de entrada (suprimentos) e saída (distribuição).

J

Janela de entrega (Time window) — Intervalo acordado para coleta/entrega.

JIT (Just‑in‑Time) — Recebimento/produção sincronizados para reduzir estoques.

K

KPI (Indicador de Desempenho) — Métricas como OTIF, lead time, avaria, fill rate.

L

Last mile (última milha) — Trecho final até o cliente/PDV.

Lead time — Tempo total do pedido à entrega.

Logística reversa — Retornos por troca/garantia/reciclagem.

M

MDF‑e (Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais) — Agrega documentos da carga/viagem (ex.: CT‑e/NF‑e) e eventos (início/fim). Também registra dados do Vale‑Pedágio obrigatório por força da Portaria SUROC 21/2023. ANTT

Milk Run — Roteirização cíclica com múltiplas coletas programadas.

Multimodal (OTM/CTMC)Transporte multimodal sob um contrato e um responsável (OTM) do início ao fim; formalizado pelo CTMC conforme a Lei 9.611/1998 e habilitação na ANTT. Planalto+1

N

NF‑e (Nota Fiscal eletrônica) — Documento fiscal da circulação de mercadorias (SEFAZ).
NVOCC — Consolidador marítimo sem navio próprio.

O

OTIF (On‑Time In‑Full) — Entregas no prazo e na quantidade certa.

OTM — Ver Multimodal. Serviços e Informações do Brasil

P

Packing list — Lista de volumes/dimensões para conferência e cotação.

Pallet/PBR — Unidade de carga padronizada (PBR no Brasil) para acelerar manuseio.

PGR (Plano de Gerenciamento de Riscos) — Plano exigido nas apólices RCTR‑C e RC‑DC pela Lei 14.599/2023 (vincula seguro à gestão de risco).

Q

Quarteirização (4PL) — Orquestração logística por integrador (gestão e tecnologia).

R

RC‑DC (ex‑RCF‑DC)Seguro de Responsabilidade Civil do Transportador por Desaparecimento de Carga (roubo/furto/desaparecimento). Tornou‑se obrigatório pela Lei 14.599/2023 (antes era facultativo).

RCTR‑CSeguro obrigatório de Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário de Carga (danos decorrentes de acidentes com o veículo — colisão, tombamento, incêndio etc.).

Redespacho / Redespacho intermediário — Contrata‑se outra(s) transportadora(s) para complementar o trecho; o “intermediário” envolve três elos (A→B→C). O CT‑e possui regras específicas para esses casos.

RNTRCRegistro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas. Obrigatório para TAC/ETC/CTC. Usado em várias verificações (ex.: VPO). ANTT

S

SLA (Service Level Agreement) — Nível de serviço (ex.: prazo, OTIF, avaria).

Supply Chain — Cadeia ponta‑a‑ponta (fornecedores → indústria → canais → cliente).

Seguro RC‑V (veicular – danos a terceiros) — Seguro de responsabilidade civil de veículo usado no transporte de cargas; também passou a ser obrigatório por força da Lei 14.599/2023 e foi normatizado pela SUSEP/CNSP em 2024. Serviços e Informações do Brasil

T

Tabela de frete (Piso mínimo) — Lei 13.703/2018 criou a Política Nacional de Pisos Mínimos do TRC (ANTT atualiza semestralmente e quando o diesel varia ≥5%). Há calculadora oficial e regras (inclusive para retorno vazio). Planalto+2Serviços e Informações do Brasil+2

TMS/WMS — Sistemas de gestão de transporte e gestão de armazém.

Transit time — Tempo de trânsito entre a coleta e a entrega.

U

ULD (Unit Load Device) — Dispositivo/contêiner aéreo de carga.

V

Vale‑Pedágio Obrigatório (VPO)Pagamento antecipado do pedágio pelo contratante/embarcador, fora do frete.
[Nota de conformidade] 2025: por Res. ANTT 6.024/2023, o VPO passou a ser exclusivamente eletrônico (TAG) a partir de 1º/01/2025, e o registro no MDF‑e tornou‑se obrigatório (Portaria SUROC 21/2023 / Portaria 17/2024). Infrações e regras constam na lei 10.209/2001 e documentos da ANTT. Serviços e Informações do Brasil+2ANTT+2

VUC (Veículo Urbano de Carga) — Caminhão leve com permissões específicas em zonas de restrição municipais (ex.: ZMRC em São Paulo) — ver regras locais. cetsp.com.br


Quadros rápidos (salve estes!)

1) Sequência documental típica no rodoviário

NF‑e do remetente → CT‑e da transportadora → MDF‑e da viagem (com VPO) + CIOT (quando aplicável TAC) → DACTE/DAMDFE acompanhando a carga. CTE Fazenda

2) Cubagem: como comparar peso real vs. peso cubado

  • Rodoviário (fracionado, prática Brasil): Peso cubado = Volume (m³) × 300.

  • Aéreo: Peso cubado = (C×L×A em cm) ÷ 6.000.
    Use o maior entre peso real e cubado para cotar. Saiba Mais

3) Seguro do transportador (resumo)

  • RCTR‑C: obrigatório (acidentes do veículo).

  • RC‑DC (ex‑RCF‑DC): obrigatório (desaparecimento/roubo).

  • RC‑V: obrigatório (danos a terceiros do veículo).

A Lei 14.599/2023 vinculou RCTR‑C e RC‑DC ao PGR (plano de riscos do transportador/seguradora).


Mini‑checklist do embarcador antes de contratar o frete

  1. Cadastro do transportador
    RNTRC ativo/regular? (exigência ANTT). ANTT
    • Apólices RCTR‑C e RC‑DC em dia? PGR validado?

  2. Documentos & compliance
    • Precisa CIOT? (TAC, subcontratação, redespacho). Serviços e Informações do Brasil
    VPO antecipado e TAG configurada? Registro no MDF‑e? Serviços e Informações do Brasil+1

  3. Preço & regra
    • Verifique piso mínimo (Lei 13.703/2018) e “retorno vazio” quando aplicável — use a calculadora ANTT. Planalto+1
    • Defina LTL vs. FTL (fracionado vs. lotação) e fator de cubagem.

  4. Operação & nível de serviço
    • OTIF/SLA, janelas de coleta/entrega, cobertura de rota e redespacho planejado.


Perguntas frequentes (FAQ)

FOB/CIF valem para frete interno?
No uso cotidiano, muita gente usa “FOB/CIF” como quem paga o frete no doméstico, mas Incoterms® são regras internacionais da ICC. Em contratos nacionais, deixe explícito no pedido/OC/contrato quem paga, quando transfere risco e como fica o seguro. ICC – International Chamber of Commerce

Preciso de CIOT se transporto com frota própria?
Não, CIOT é para certas contratações (ex.: TAC). Confira exceções em redespacho/subcontratação. ANTT

O VPO pode ser pago em dinheiro?
Não. A ANTT veda pagamento em espécie. A partir de 2025, somente eletrônico (TAG), com registro no MDF‑e. ANTT+1

Qual o fator de cubagem “padrão” no rodoviário?
No mercado brasileiro, usa‑se 300 kg/m³ para cargas fracionadas (verifique sua transportadora).


Como este glossário ajuda você a comprar melhor frete

  • Comparabilidade: padronize pedidos de cotação (RFP/RFQ) com peso real + cubado + janelas e pontos de origem/destino.

  • Compliance: CIOT, RNTRC, VPO, seguros e piso mínimo sob controle.

  • Performance: KPIs como OTIF e lead time alinhados ao contrato.

Dica Transvias: centralize consultas por rota, compare transportadoras e feche mais rápido — a abordagem por rota agiliza o “match” entre preço, prazo e cobertura. Transvias


Referências-chave (seleção)

Fonte: Transvias.com.br

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