
Num cenário de desaceleração do mercado nacional e juros proibitivos para financiamentos de caminhões, as exportações de veículos pesados brasileiros se tornaram o motor que sustenta o ritmo das linhas de produção em 2025. De acordo com dados divulgados pela Anfavea nesta segunda-feira (7), os embarques de caminhões para o exterior cresceram expressivos 91% no primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2024.
Entre janeiro e junho, as montadoras instaladas no Brasil exportaram 13,4 mil caminhões, contra 7 mil no ano anterior. Esse avanço nas exportações tem sido crucial para atenuar os efeitos da queda nas vendas internas, impactadas principalmente pelo alto custo dos financiamentos, que atingem 19,3% ao ano para pessoas jurídicas — patamar considerado impraticável para a compra de veículos pesados.
LEIA TAMBÉM: Farizon amplia oferta de elétricos chineses no Brasil
Argentina lidera demanda por caminhões brasileiros
A forte demanda da Argentina é o principal destaque dessa guinada no comércio exterior de caminhões. O país vizinho ampliou suas compras em 266% no período. Consolidando-se como o maior destino dos veículos pesados brasileiros. Além dos argentinos, países como Chile, Peru, Uruguai, México e alguns mercados africanos e latino-americanos também ampliaram os pedidos, segundo a Anfavea.
De acordo com o vice-presidente da entidade, Gustavo Bonini, embora a Argentina concentre boa parte do volume exportado, o crescimento foi disseminado em diferentes mercados. “Isso contribuiu para manter o ritmo de produção das montadoras, compensando em parte a retração doméstica”, explicou.
Produção cresce graças às exportações
Dessa forma, o desempenho positivo das exportações garantiu leve alta na produção de caminhões no Brasil. De janeiro a junho, a indústria produziu 66,4 mil unidades. Ou seja, crescimento de 3,1% em relação ao mesmo período de 2024. No entanto, desde junho, a produção começou a desacelerar frente a maio, refletindo o enfraquecimento contínuo da demanda interna.
As vendas no mercado doméstico, por sua vez, somaram 54,8 mil unidades no primeiro semestre. Queda de 3,5% em relação ao ano anterior. Os caminhões pesados, que antes representavam 52% das vendas, agora respondem por 45% dos emplacamentos. Em outras palavras, resultado direto da dificuldade de acesso a crédito robusto para veículos de maior valor.
Fonte: Portal O Carreteiro