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EBA - Empresa Brasileira de Armazenamento, Redex e Operações Logísticas
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Em entrevista exclusiva para a MundoLogística, o executivo destacou que não dá mais para imaginar metodologias de gestão logística que não estejam baseadas na transformação digital 

Por Camila Lucio


Chairman Of The Board Of Directors da SAE Brasil, Camilo Adas (Foto: Divulgação)

O “Drops de Logística” desta semana traz a participação do Chairman Of The Board Of Directors da SAE Brasil, Camilo Adas. Em entrevista exclusiva para a MundoLogística, o executivo compartilhou visões sobre o setor no país.

Para ele, vão ficar para trás as empresas que ainda trabalharem na planilha, na base da nota fiscal, com coisas que não sejam tipicamente da transformação digital e de alguns dos conceitos da indústria 4.0.

Leia na íntegra!

1. Qual foi a maior mudança que a logística brasileira teve nos últimos 10 anos?

Na minhã visão, o E-commerce. O e-commerce começa com a Amazon. Ela criou uma cultura que mudou o universo logístico. E isso já é antigo, mas aqui no Brasil chegou nesse período de dez anos. Se fizermos as contas dez anos não é muito. Nós estamos falando de sete anos antes da pandemia. Dez anos atrás as lojas estavam começando a se organizar para isso. Lojas que tradicionalmente trabalhavam na venda no varejo, faziam isso de uma maneira ainda um pouco empírica olhando para os movimentos mundiais. Mas dois anos antes da pandemia já tinham várias levando isso muito a sério, mas explodiu na pandemia. Eu acho que a grande mudança do B2C está influenciando em tudo, inclusive no B2B a ponto de fechar lojas, a ponto de começar a ser uma concorrência, seja em termos de preço, etc. Muitas empresas do B2B acabaram entrando no B2C devido ao e-commerce, pela diferença de caracterização no mercado que teve um impacto na logística, na maneira de fazer comércio.

2. Qual tema na logística é, em sua opinião, ultrapassado?

Não dá mais para eu imaginar metodologias de gestão logística que não estejam baseadas nos aplicativos, na transformação digital e na Internet das Coisas (IoT). Atualmente, tudo é rastreável, interligado, e se houver alguma empresa no Brasil ainda trabalhando na planilha, na base da nota fiscal, com coisas que não sejam tipicamente da transformação digital e de alguns dos conceitos da indústria 4.0, vai ficar para trás. 

3. Além da tecnologia, qual vai ser a maior tendência em logística nos próximos anos?

A otimização da satisfação do cliente em múltiplos níveis. Muitas vezes o individuo é funcionário de uma empresa, ele vai ter expectativa logística no B2B, enquanto indivíduo B2C tem expectativas que começa a aprender e viver na casa dele, porque os filhos estão comprando pela internet. Isso é uma mudança cultural, isso é uma mudança social e está trazendo maior exigência. Não aceito mais na minha vida uma experiência de cliente ligado à questão logística que não seja satisfatória. Se me prometeram entregar alguma coisa naquela data, eu quero receber naquela data. Se um pacote chegar danificado, se eu não tiver um canal de atendimento com meu fornecedor onde eu possa reclamar e não tenha que ficar ouvindo música, eu vou ficar muito bravo. Isso é uma mudança social, uma mudança cultural que permeia a vida do cidadão e, automaticamente, gera um círculo virtuoso no mundo corporativo.

4. Qual é diferencial da logística brasileira?

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A primeira coisa que me vem à cabeça é a questão das diferenças sociais. Uma mesma empresa que vai embarcar e fazer logística de um eletrodoméstico para um bairro de luxo, vai ter que entregar na comunidade. O operador de transporte logístico que faz esse tipo de serviço tem que estar apto a fazer uma entrega num bairro de luxo da mesma forma que ele tem que estar apto a fazer uma entrega na comunidade. Acredito que o grande diferencial é que o embarcador logístico brasileiro sabe lidar com esses extremos. Sabe conviver com um alagamento, com o trânsito nas grandes cidades, da mesma forma que ele tem que saber conviver com uma entrega rural. 

5. O que os logísticos brasileiros precisam aprender com os outros países?

Em países mais desenvolvidos, se você afirma que vai chegar para uma entrega entre o horário o X e não chega, você vai ser processado. A seriedade, a precisão e o rigor do tratamento logístico são totalmente diferentes. Aqui temos uma certa permeabilidade, onde pode atrasar doze horas e “está tudo bem”. Então, às vezes, você coloca no pedido que a entrega não pode ser depois das 17h e alguém vai querer dar um jeitinho de chegar 17h30, e ainda assim querer entregar a mercadoria porque a outra pessoa tem que entender que atrasou. A seriedade e a responsabilidade das consequências são algo que precisa aprimorar. E que não vai ter tecnologia que resolva porque isso também é cultural. 

6. Cite um impacto negativo que a tecnologia teve no setor de logística.

Está tudo terceirizado. Então, você compra no e-commerce, numa loja, e aquela própria loja não é quem tem a mercadoria, ela está comprando de outra loja e aquela outra loja tem outro sistema de transporte. A tecnologia permite estar tudo interligado, mas isso também falha. E quando isso falha, descobrir dentro do sequenciamento logístico, cliente, fornecedor, quem forneceu para quem, o que, quem entregou o que, qual é o serviço que cada um tá prestando é um labirinto muitas vezes. Quando pega uma nota fiscal, você comprou da empresa X, então descobre que recebeu por meio da empresa Y, mas quem vendeu foi a empresa Z. Acredito que a tecnologia está permitindo uma conectividade, uma interligação que traz uma série de benefícios de um lado, mas do outro lado perdeu. O entregador logístico não tem mais cara. Você não sabe com quem você está falando, não sabe quem vai te atender, não sabe exatamente quem que está prestando serviço por causa dessa grande interligação que está acontecendo. 

7. Qual a característica mais marcante que um logístico precisa ter?

Disciplina, o rigor no processo, o zelo pelo planejamento estratégico, são fundamentais. Não dá para ser logístico e não ser uma pessoa estruturada, organizada, consequente, que saiba fazer planejamento. Tem ferramentas robustas para planejar a logística na vida pessoal e na vida profissional. Se você não é uma pessoa que sabe usar tudo isso e fazer um bom planejamento estratégico, você não serve para o mundo logístico.

8. Cite uma referência dentro da logística para você (um profissional, empresa, país ou cadeia de abastecimento).

A Alemanha tem um planejamento maestral. Por mais que muitas vezes dê problema, eu acredito que o setor automotivo é uma cadeia de abastecimento muito bem organizada.

9. O que você faz para relaxar quando não está trabalhando?

Eu sou músico amador. Então eu gosto de tocar saxofone para relaxar, além de ler e estudar. 

10. Qual é a sua filosofia de vida?

Eu acredito que para sermos extremamente eficazes e produtivos em tudo o que fazemos, temos que saber encontrar a nossa paz interior. Muitas vezes as pessoas entendem que produtividade, que eficácia, dependem de uma pressão positiva, de estar sempre correndo, de estar sempre estressada, etc. A prontidão para o trabalho, a prontidão para entrega fica melhor e maior quando você está com paz interior. Independente do que você esteja fazendo, você vai estar fazendo bem. Então, o autoconhecimento, a paz interior que isso traz, é a minha filosofia de vida.

Fonte: Mundo Logística

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