Citando recursos como metaverso e realidade expandida, diretora-executiva da associação reforçou importância de aprimorar serviços já oferecidos ou ampliar portfólio
Por Christian Presa
Cunha também citou criatividade, flexibilidade e paciência como características que logísticos devem ter (Foto: Divulgação)
Para oferecer aos leitores da MundoLogística a perspectiva de grandes executivos do setor, o “Drops de Logística” desta semana traz a participação da diretora-executiva da Associação Brasileira de Operadores Logísticos, Marcella Cunha.
Na entrevista para a coluna, ela destacou a corrida para aprimorar a experiência de clientes e funcionários como uma tendência, o impacto negativo da tecnologia no setor de logística e mais.
Leia na íntegra!
1. Qual foi a maior mudança que a logística brasileira teve nos últimos 10 anos?
A percepção – e a valorização – do cidadão comum brasileiro sobre o papel social que a logística cumpre no seu dia a dia – garantindo, inclusive, os recursos para a sua sobrevivência – foi ampliada, em especial após o início da pandemia de Covid-19.
2. Qual tema na logística é, em sua opinião, ultrapassado?
A logística da era analógica. As ferramentas da era digital são inúmeras e têm um papel fundamental na otimização de processos operacionais, na comunicação integrada e instantânea entre parceiros comerciais e na experiência do cliente.
3. Além da tecnologia, qual vai ser a maior tendência em logística nos próximos anos?
A corrida pela melhor experiência para o cliente [“customer experience”] seguirá no radar dos operadores logísticos e, para além dela, a experiência do funcionário [“employee experience”]. O turnover no setor é considerável e há uma dificuldade importante no preenchimento de vagas com talentos prontos no mercado brasileiro. Isso exige dos operadores um investimento interno robusto em qualificação e capacitação da mão de obra e muito esforço para reter os talentos que se desenvolvem.
4. Qual é o diferencial da logística brasileira?
Não pensamos [iniciativas pública e privada] a logística nacional de forma conjunta, de modo que o seu desenvolvimento se dê de forma sistêmica, atrelando criação de novos centros produtivos – aumento da intermodalidade –, localização estratégica de armazéns e centros de distribuição – destinos finais.
5. O que os logísticos brasileiros precisam aprender com os outros países?
Devemos seguir nos conscientizando e contribuindo para que, de fato, a cabotagem e as ferrovias de carga sejam desenvolvidas para o abastecimento interno, que a nossa matriz energética deve mudar inadiavelmente e que planos de mobilidade urbana e logística de entrega produtos [last mile] devem andar juntos.
6. Cite um impacto negativo que a tecnologia teve no setor de logística.
Tecnologias como metaverso e até mesmo algumas etapas da realidade expandida, ainda incipientes e pouco utilizadas no Brasil, desviaram a atenção de algumas empresas de logística que poderiam ter focado no aprimoramento de serviços já oferecidos ou na ampliação de seu portfólio a partir de serviços inovadores que não necessariamente dependam de tecnologia de ponta.
7. Qual a característica mais marcante que um logístico precisa ter?
Criatividade para customizações, além de flexibilidade, paciência e inteligência para resolução de problemas.
8. Cite uma referência dentro da logística para você (um profissional, empresa, país ou cadeia de abastecimento).
Minhas referências são, sem dúvida, os 3PLs [Third-Party Logistics, ou Operadores Logísticos] que há três décadas se instalaram aqui no Brasil e vêm provando sua potência enquanto resolvedores de desafios logísticos, oferecendo, de ponta a ponta, soluções integradas e eficientes a absolutamente qualquer tipo de cliente, da indústria de base e agronegócio ao grande varejo e e-commerce.
9. O que você faz para relaxar quando não está trabalhando?
Gosto de estar na natureza com meu grande parceiro canino, Django.
10. Qual é a sua filosofia de vida?
Equilíbrio, não-dualidade, vegetarianismo e respeito a todo tipo de vida.
Fonte: Mundo Logística