
A Scania, referência mundial em transporte e logística sustentável, e a Raízen, empresa integrada de energia e referência global em bioenergia, firmaram uma parceria que viabilizará o fornecimento de biometano para utilização na operação industrial da fabricante de veículos pesados em São Bernardo do Campo/SP a partir de 2024.
O contrato estabelece o fornecimento médio de 7.800 metros cúbicos de biometano por dia, volume que representa 100% do consumo da fábrica da Scania. A medida é uma das ações que a empresa sueca tem adotado para cumprir suas metas de descarbonização.
“Vínhamos nos preparando para migrar para o biometano, fazendo testes e estudando maneiras para adquirir essa energia renovável de maneira estruturada. A abertura do mercado livre de gás nos possibilitou um novo modelo de negócio, fizemos uma consulta de mercado e depois de meses de negociações e aprendizados, finalmente fechamos esse acordo, que nos coloca em uma posição de pioneiros.”
De acordo com Christopher Podgorski, Presidente e CEO da Scania Latin America.
Substituto para o gás natural, diesel ou GLP, o gás natural renovável é produzido a partir do reaproveitamento de resíduos da cana-de-açúcar, com potencial para reduzir mais de 90% das emissões diretas de GEE (gases de efeito estufa) ao substituir combustíveis fósseis, sendo uma solução sustentável, capaz de acelerar a descarbonização de diversos setores de forma eficiente.
“Toda a nossa produção é baseada na economia circular. Utilizamos esse conceito como uma ferramenta para produzir cada vez mais utilizando a mesma área plantada de cana, garantindo assim a otimização e aproveitamento dos recursos naturais e contribuindo para um futuro mais sustentável.”
De acordo com Raphaella Gomes, CEO da Raízen GEO Biogás, responsável pela produção do biometano.
No total, cinco operações da fábrica da Scania utilizam, atualmente, o gás natural: nos testes de caminhões a gás, na pintura de cabinas, no abastecimento de veículos industriais, na geração de vapor, nos restaurantes e na frota de veículos próprios da Logística da Scania.
“Focada nos compromissos de redução de emissão de poluentes, a empresa seguiu procurando, dentro de suas estruturas, onde estavam os maiores emissores e quais soluções poderiam ser incorporadas para avançarmos na transição. Identificamos que a maior emissão de CO2 nas operações industriais é relacionada ao uso do gás e o biometano se mostrou uma solução.”
De acordo com Debora Tanaka, gerente de projeto de sustentabilidade e coordenação de parcerias estratégicas da Scania Latin America, uma das responsáveis pela implementação do acordo.
O acordo entre as empresas vai permitir que a Scania adquira moléculas de biometano diretamente da Raízen e, da mesma forma que ocorre com o mercado livre de energia, utilizará um sistema de distribuição, neste caso, da Comgás, a quem a Raízen solicitará um estudo de viabilidade técnica e econômica.
“Até então, comprava-se biometano com entrega física sobre rodas. Para os testes, utilizamos carretas de biometano comprimido nos pontos de abastecimento de nossas operações e conseguimos comprovar que o uso do biometano é 100% intercambiável com o gás natural, não altera em nada o desempenho dessas operações e ainda é 100% limpo”, conta Debora.
Para cumprir os desafios, a Scania estabeleceu seis Metas Ambientais Corporativas até 2025: energia elétrica livre de fósseis em 100% das operações até 2020 (meta atingida em 2016, quatro anos antes do objetivo inicial); redução de 50% das emissões de CO2 no fluxo logístico terrestre por tonelada transportada (meta atingida em 2021); reduzir 25% o uso de energia nas operações industriais; reduzir 50% a geração de resíduos não reciclados por unidade produzida (ou 25% em valores absolutos); reduzir 40% no uso de água por unidade produzida; e reduzir 75% das emissões de CO2 das operações industriais de escopo 1 e 2.
“O uso de gás natural nas nossas operações representará em torno de 60% das emissões totais de 2022. Com a substituição por biometano, somada às demais iniciativas, conseguiremos atingir os objetivos estabelecidos de redução de emissões de CO2 até 2025 para os escopos 1 e 2. Trata-se, portanto, de mais um objetivo que iremos superar”, revela Christopher Podgorski.
Biometano: o “pré-sal caipira”
Ainda pouco disseminado no Brasil, o biometano é um combustível renovável derivado do refinamento e processamento do biogás – composto pelos gases metano (entre 50% e 70%) e dióxido de carbono (30% a 50%), produzido a partir de resíduos orgânicos decompostos por bactérias em biodigestores.
Obtido a partir de um processo de purificação, com a retirada de gás sulfídrico, dióxido de carbono e umidade (vapor de água) do biogás, o biometano tem a mesma especificação do gás natural e poder de combustão maior que o biogás.
Biocombustível com comportamento semelhante ao GNV (gás natural), o biometano pode ser utilizado em substituição aos combustíveis fósseis.
Ele é, inclusive, uma das soluções no mix de tecnologias já desenvolvidas ou em desenvolvimento identificado pelo estudo “Transporte comercial net-zero 2050: caminhos para a descarbonização do modal Rodoviário no Brasil” – realizado pela Scania em parceria com a Rede Brasil do Pacto Global e a Bain & Company – capazes de zerar as emissões de caminhões e ônibus no Brasil até 2050.
Entre as soluções indicadas pelo estudo – biometano, diesel renovável (HVO), veículo elétrico a bateria (BEV) e células de combustível de hidrogênio (FCEV) – o biometano é o que está em processo mais avançado no Brasil, já regulamentado e com grande potencial de produção no país.
“A tecnologia já existe e o Brasil tem potencial de biomassa e biogás gigantesco, o maior do mundo. É preciso ampliar o desenvolvimento de infraestrutura e investimentos em estudos, aplicações e apropriação dessa solução incrível que é o biometano, nosso ‘pré-sal caipira”, destaca Podgorski.
Segundo a Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), o potencial de produção do Brasil é de 44,1 bilhões de Nm3 anuais a partir de quatro setores econômicos: sucroenergético, produção agrícola, proteína animal e saneamento.
No entanto, apenas 2% são utilizados, representando menos de 0,01% da matriz energética do Brasil – o país desperdiça 100 milhões de m³ de metano renovável por dia, que equivalem a 35% da energia elétrica consumida no Brasil e 70% do diesel.
O termo ‘pré-sal caipira’ é utilizado para qualificar o potencial do aproveitamento de resíduos da agropecuária para a produção de biometano, que teria escala semelhante à de um poço de petróleo do pré-sal.
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Fonte: Jornada Scania
Foto: Divulgação
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